6 Março 2024

PERSPECTIVAS EM DESTAQUE COM PROFESSORA RITA COELHO DO VALE

Professora da Católica Lisbon School of Business and Economics, Associate Dean for Undergraduate Programs, coordenadora da Behavioral Insights Unit da CATÓLICA-LISBON. Responsável pelos diferentes estudos do Observatório da Sociedade Portuguesa da Católica-Lisbon.

1. Em que consiste o Observatório Social da Universidade Católica?
O Observatório da Sociedade Portuguesa, dedica-se desde a sua criação em 2015 ao estudo da sociedade portuguesa. O principal objetivo do observatório consiste em descrever e caracterizar a sociedade portuguesa, estudando
fenómenos específicos de interesse. Em particular, o observatório mede e monitoriza aspetos relacionados com a sociedade portuguesa, como o bem-estar, a qualidade de vida, a felicidade, a saúde, a satisfação com a vida e a segurança.
Para compreender conceitos específicos ou subjacentes da sociedade portuguesa, o OSP recolhe dados relevantes através da recolha direta de dados, por meio do Painel de Estudos Online da CATÓLICA-LISBON, e recolha indireta de
dados fornecida por entidades nacionais e internacionais (por exemplo, estatísticas socioeconómicas, demográficas e de saúde). Esse conjunto de atividades é útil para compreender o impacto de questões económicas e psicossociais específicas na sociedade portuguesa. Entre 2015 e 2023, a BIU publicou 22 relatórios trimestrais, recolhendo dados sobre múltiplos
indicadores. Nesse período, além da coleta trimestral de dados, o OSP desenvolveu vários estudos adicionais, com o objetivo de investigar o impacto de fenómenos externos específicos na sociedade portuguesa (por exemplo, o impacto da pandemia de COVID-19 na sociedade portuguesa ou o impacto das Políticas Habitação apresentadas pelo governo).

2. Quais são as principais áreas de estudo e desafios identificadas pelo Observatório na sociedade portuguesa?
Os nossos estudos semestrais tipicamente contêm 3 tipos de indicadores. Os Indicadores Gerais englobam indicadores relacionados com a felicidade global, satisfação com a vida em geral, percepção geral de saúde, qualidade de vida e confiança económica – estes indicadores são medidos em todos os estudos semestrais do OSP. Os Indicadores Específicos Regulares incluem escalas específicas de satisfação com a vida, bem-estar, percepção de saúde, qualidade de vida, rendimento e poupança e hábitos de poupança, que são objeto de inquérito pelo menos uma vez por ano. Por fim, são recolhidos dados relativos a indicadores pontuais, escolhidos de acordo com os assuntos relevantes para a sociedade portuguesa no momento da elaboração do estudo.

3. De que forma tem o Observatório Social da Universidade Católica tem contribuído para a compreensão das dinâmicas sociais em Portugal?
A Unidade de Insights Comportamentais (BIU) é um Centro de Conhecimento da UCP que tem como objetivo desenvolver e promover conhecimento nas áreas de pesquisa comportamental. Esta unidade compreende várias ferramentas de pesquisa que fomentam tanto a pesquisa académica quanto a aplicada, como o Painel de Estudos Online (PEO), o Laboratório de Investigação Experimental em Economia e Gestão (LERNE) e o Observatório da Sociedade Portuguesa (OSP).
No caso do Observatório da Sociedade Portuguesa, ao oferecer um conjunto vasto de indicadores longitudinais permite a investigadores e decisores públicos perceber a evolução de temas de enorme relevância para a sociedade (ex: qualidade de vida ou confiança económica) permitindo identificar áreas críticas de investimento para melhorar esses mesmos indicadores. Temos a maior parte das vezes uma grande exposição mediática o que permite também trazer para a
discussão pública temas que consideramos relevantes.
Behavioral Insights Unit | OSP – Observatory of Portuguese Society |
CATÓLICA-LISBON (ucp.pt)

4. Quais são os principais temas ou questões sociais que a Professora Rita do Vale identifica como sendo prioritários para 2024 e como vê a Professora Rita do Vale a evolução das dinâmicas sociais em Portugal?
Nos últimos anos temos analisado múltiplas questões relacionados com temas específicos que parecem estar a afetar o bem-estar da nossa sociedade. Desde temas sobre o impacto dos conflitos armados que estamos a viver, impacto de
políticas específicas do governo como a habitação ou a aparente falta de investimento na educação. Eu diria que estes temas vão continuar a ser de enorme relevância em 2024.

5. De que forma a pesquisa e os relatórios do Observatório podem ser utilizados pelas fundações para informar o planeamento e a intervenção social?
O estabelecimento de parcerias com as fundações pode ajudar as mesmas a obter mais informação sobre os seus públicos-alvo e monitorizar o impacto das suas intervenções. Dada a missão da BIU ser a de desenvolver estudos personalizados para investigadores e clientes internos e externos, visamos continuar a oferecer abordagens inovadoras e rigorosas para a conceção e design de estudos na área comportamental. Ao executar a recolha de dados quantitativos e qualitativos com ferramentas que permitem amostras representativas da população, a BIU também visa melhorar o estudo da sociedade Portuguesa, possibilitando a monitorização de indicadores específicos que sejam do interesse das fundações.
Alguns temas poderiam ser, por exemplo, a aferição das percepções face às instituições culturais e caracterização sociodemográfica dos diferentes segmentos ou aferição das percepções face a instituições de cariz social, identificando elementos críticos que fomentem a participação ativa dos cidadãos em ações de cariz social. Tudo depende da natureza das fundações envolvidas.

6. Que estudos e projetos prevê o Observatório lançar nos próximos tempos?
Iremos continuar ativamente a realizar os nossos estudos semestrais, incorporando sempre que possível temas que consideramos relevantes para a sociedade Portuguesa.

7. Que oportunidades a Professora Rita do Vale identifica para as fundações no contexto dos desafios sociais atuais, e como elas podem maximizar o seu impacto positivo na sociedade?
Parece-me que um tema que seria relevante estudar seria o das percepções dos cidadãos face às diversas fundações, estudando maneiras de estas poderem maximizar o seu impacto na sociedade e na alteração de comportamentos de
modo a estes ficarem alinhados com as missões das mesmas.

 


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