Professora da Católica Lisbon School of Business and Economics, Associate Dean for Undergraduate Programs, coordenadora da Behavioral Insights Unit da CATÓLICA-LISBON. Responsável pelos diferentes estudos do Observatório da Sociedade Portuguesa da Católica-Lisbon.
1. Em que consiste o Observatório Social da Universidade Católica?
O Observatório da Sociedade Portuguesa, dedica-se desde a sua criação em 2015 ao estudo da sociedade portuguesa. O principal objetivo do observatório consiste em descrever e caracterizar a sociedade portuguesa, estudando
fenómenos específicos de interesse. Em particular, o observatório mede e monitoriza aspetos relacionados com a sociedade portuguesa, como o bem-estar, a qualidade de vida, a felicidade, a saúde, a satisfação com a vida e a segurança.
Para compreender conceitos específicos ou subjacentes da sociedade portuguesa, o OSP recolhe dados relevantes através da recolha direta de dados, por meio do Painel de Estudos Online da CATÓLICA-LISBON, e recolha indireta de
dados fornecida por entidades nacionais e internacionais (por exemplo, estatísticas socioeconómicas, demográficas e de saúde). Esse conjunto de atividades é útil para compreender o impacto de questões económicas e psicossociais específicas na sociedade portuguesa. Entre 2015 e 2023, a BIU publicou 22 relatórios trimestrais, recolhendo dados sobre múltiplos
indicadores. Nesse período, além da coleta trimestral de dados, o OSP desenvolveu vários estudos adicionais, com o objetivo de investigar o impacto de fenómenos externos específicos na sociedade portuguesa (por exemplo, o impacto da pandemia de COVID-19 na sociedade portuguesa ou o impacto das Políticas Habitação apresentadas pelo governo).
2. Quais são as principais áreas de estudo e desafios identificadas pelo Observatório na sociedade portuguesa?
Os nossos estudos semestrais tipicamente contêm 3 tipos de indicadores. Os Indicadores Gerais englobam indicadores relacionados com a felicidade global, satisfação com a vida em geral, percepção geral de saúde, qualidade de vida e confiança económica – estes indicadores são medidos em todos os estudos semestrais do OSP. Os Indicadores Específicos Regulares incluem escalas específicas de satisfação com a vida, bem-estar, percepção de saúde, qualidade de vida, rendimento e poupança e hábitos de poupança, que são objeto de inquérito pelo menos uma vez por ano. Por fim, são recolhidos dados relativos a indicadores pontuais, escolhidos de acordo com os assuntos relevantes para a sociedade portuguesa no momento da elaboração do estudo.
3. De que forma tem o Observatório Social da Universidade Católica tem contribuído para a compreensão das dinâmicas sociais em Portugal?
A Unidade de Insights Comportamentais (BIU) é um Centro de Conhecimento da UCP que tem como objetivo desenvolver e promover conhecimento nas áreas de pesquisa comportamental. Esta unidade compreende várias ferramentas de pesquisa que fomentam tanto a pesquisa académica quanto a aplicada, como o Painel de Estudos Online (PEO), o Laboratório de Investigação Experimental em Economia e Gestão (LERNE) e o Observatório da Sociedade Portuguesa (OSP).
No caso do Observatório da Sociedade Portuguesa, ao oferecer um conjunto vasto de indicadores longitudinais permite a investigadores e decisores públicos perceber a evolução de temas de enorme relevância para a sociedade (ex: qualidade de vida ou confiança económica) permitindo identificar áreas críticas de investimento para melhorar esses mesmos indicadores. Temos a maior parte das vezes uma grande exposição mediática o que permite também trazer para a
discussão pública temas que consideramos relevantes.
Behavioral Insights Unit | OSP – Observatory of Portuguese Society |
CATÓLICA-LISBON (ucp.pt)
4. Quais são os principais temas ou questões sociais que a Professora Rita do Vale identifica como sendo prioritários para 2024 e como vê a Professora Rita do Vale a evolução das dinâmicas sociais em Portugal?
Nos últimos anos temos analisado múltiplas questões relacionados com temas específicos que parecem estar a afetar o bem-estar da nossa sociedade. Desde temas sobre o impacto dos conflitos armados que estamos a viver, impacto de
políticas específicas do governo como a habitação ou a aparente falta de investimento na educação. Eu diria que estes temas vão continuar a ser de enorme relevância em 2024.
5. De que forma a pesquisa e os relatórios do Observatório podem ser utilizados pelas fundações para informar o planeamento e a intervenção social?
O estabelecimento de parcerias com as fundações pode ajudar as mesmas a obter mais informação sobre os seus públicos-alvo e monitorizar o impacto das suas intervenções. Dada a missão da BIU ser a de desenvolver estudos personalizados para investigadores e clientes internos e externos, visamos continuar a oferecer abordagens inovadoras e rigorosas para a conceção e design de estudos na área comportamental. Ao executar a recolha de dados quantitativos e qualitativos com ferramentas que permitem amostras representativas da população, a BIU também visa melhorar o estudo da sociedade Portuguesa, possibilitando a monitorização de indicadores específicos que sejam do interesse das fundações.
Alguns temas poderiam ser, por exemplo, a aferição das percepções face às instituições culturais e caracterização sociodemográfica dos diferentes segmentos ou aferição das percepções face a instituições de cariz social, identificando elementos críticos que fomentem a participação ativa dos cidadãos em ações de cariz social. Tudo depende da natureza das fundações envolvidas.
6. Que estudos e projetos prevê o Observatório lançar nos próximos tempos?
Iremos continuar ativamente a realizar os nossos estudos semestrais, incorporando sempre que possível temas que consideramos relevantes para a sociedade Portuguesa.
7. Que oportunidades a Professora Rita do Vale identifica para as fundações no contexto dos desafios sociais atuais, e como elas podem maximizar o seu impacto positivo na sociedade?
Parece-me que um tema que seria relevante estudar seria o das percepções dos cidadãos face às diversas fundações, estudando maneiras de estas poderem maximizar o seu impacto na sociedade e na alteração de comportamentos de
modo a estes ficarem alinhados com as missões das mesmas.