4 Maio 2022

Exposição “Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência”

Fundação Instituto Arquiteto José Marques da Silva

A exposição Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência segue o rasto dos muitos caminhos percorridos por António Cardoso – artista, professor, investigador e museólogo falecido em junho de 2021 – para dar a conhecer a teia de interesses e de paixões que moldaram a sua vida e a importância do seu legado. Inaugura no dia 7 de maio, às 16h, na Casa-Atelier José Marques da Silva (Fundação Marques da Silva).

Quantas vidas cabem numa vida? Ao olharmos para a de António Cardoso a resposta surge sem hesitações: muitas e todas elas com muito para contar. Desempenhou um papel determinante no processo que viria a dar lugar à criação da Fundação Marques da Silva, no Porto, e à construção do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante. Deixou uma extensa produção artística. As suas obras de pintura, desenho e gravura foram amplamente expostas e encontram-se representadas em coleções particulares, na Fundação Calouste Gulbenkian e no Museu de Amarante. Viajou, conviveu, ensinou. Lutou pela defesa do património, em particular o amarantino. Homem culto, colecionador atento e comunicador de excelência influenciou várias gerações de alunos que ajudou a formar, da Telescola à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, de onde viria a jubilar-se em 2002. Esta exposição é a devida homenagem ao legado de uma figura que sempre se distinguiu pela atenção ao outro, pela bonomia e espírito conciliador, mas sobretudo pela exigência de qualidade e pela procura de sentido em tudo quanto fazia.

“Isto não é só um quadro” é uma frase inspirada no universo Magrittiano que o próprio António Cardoso gostava de citar recorrentemente. E vem a propósito porque os vários caminhos por si percorridos, umas vezes paralelamente, outras intersectando-se e fundindo-se, nem sempre são evidentes para todos aqueles que o conheceram num ou noutro contexto da sua ação. Seguir o rasto desses caminhos, numa vontade de desvelar a sua memória, foi uma experiência reveladora do muito que ainda há para aprender com António Cardoso. Esta exposição, a apresentar na “casa do artista” que foi um dos seus continuados objetos de estudo, José Marques da Silva, nunca poderia ser exaustiva, dada a amplitude de tudo quanto fez, mas pretende dar a ver essa teia de interesses e de paixões que moldaram a sua vida, suscitando futuras revisitações, aliás, em sintonia com a matriz que ajudou a imprimir a esta mesma Fundação, uma instituição assente no reconhecimento do valor da preservação da memória e da importância da investigação. Como António Cardoso dizia, “a memória permite compreender as pessoas e os acontecimentos. A memória é o recurso do ser humano contra a morte, a rasura”.

Esta exposição, curatorialmente desenvolvida por um coletivo formado por Susana Cardoso (filha), Laura Castro (DRCN), Domingas Vasconcelos (CMP), Celso Santos e Leonor Soares (FLUP) e Paula Abrunhosa (FIMS), é uma iniciativa da Fundação Marques da Silva e contou com o apoio da família de António Cardoso, da Direção-Geral da Cultura do Norte, do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, da Câmara Municipal do Porto, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e da Faculdade de Belas Artes desta mesma Universidade.

Isto não é só um quadro: António Cardoso para além da evidência inaugura às 16h do dia 7 de maio, na Fundação Marques da Silva e conta com a presença de Fátima Vieira, Nuno Tasso de Sousa e do coletivo de curadores. Manter-se-á patente ao público até 17 de setembro de 2022. Pode ser visitada de segunda a sábado, das 14h às 18h.

Sobre António Cardoso: Nasceu em Salvador do Monte (Amarante), a 21 de julho de 1932 e veio a falecer no Porto, aos 88 anos, a 3 de junho de 2021. Amarante e Porto, cidade para onde se muda na década de 60, serão sempre os seus lugares de eleição, tanto no plano pessoal, quanto no plano profissional. O seu percurso de vida passa pelos domínios do ensino (foi professor, orientador, conferencista, autor), da investigação em história da arte (com particular destaque para a obra de José Marques da Silva e de Amadeo de Souza-Cardoso), da pintura (enquanto artista, curador e crítico de arte moderna e contemporânea), da museologia e da defesa patrimonial.

Começou por tirar o curso do Magistério Primário, em 1951. Durante os anos 50 estudou pintura na Academia Alvarez e frequentou a Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Apresentou programas de televisão escolar e foi realizador da Televisão Educativa e da Telescola, entre os anos 60 e 70. Integrou a Comissão do Ministério da Educação para a renovação do Sistema de Avaliação de Alunos do Ensino Básico e Secundário. Veio a licenciar-se em História, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1974, onde se doutoraria em História da Arte com uma tese sobre o Arq. José Marques da Silva, até hoje o estudo mais abrangente e sistematizado sobre a vida e obra deste arquiteto portuense. A partir de 1981 lecionou naquela Faculdade, que representou na Comissão do Património da Câmara Municipal do Porto, entre 1996 e 2001. Desde os anos 90 até ao seu desaparecimento, foi diretor do MMASC, cabendo-lhe a edição do primeiro catálogo da coleção do museu que ajudou a construir em todas as suas dimensões. Enquanto pintor, António Cardoso teve diversas exposições individuais e participou em inúmeras exposições coletivas. Recebeu o Prémio dos Críticos de Arte para a Representação Portuguesa na I Bienal de Paris, de 1959, com uma pintura que hoje pertence ao acervo da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi ainda membro da Associação Portuguesa de Museologia, da Associação Regional do Património Cultural e Natural e da secção portuguesa da Associação Internacional dos Críticos de Arte.

Para mais informações aqui.

Nota: informação recolhida pelo CPF no site da Fundação


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