11 Janeiro 2024

17 JANEIRO | 19H30 | Feitos para a grandeza: educação e cultura no olhar de Bento XVI

Fundação Maria Ulrich

A iminência de eleições legislativas e a reorganização dos partidos são duas ocasiões valiosas. É propício para discutir políticas e cenários para a educação (e para a vida, em geral).  Trata-se de uma boa oportunidade para “acertar critérios, encontrar soluções melhores, sem excluir controvérsias e desacordos, no respeito mútuo e na confiança recíproca” (Maria Ulrich).

Um olhar interessado, mas com a distância própria de um observador, rapidamente repara que o debate tem versado pouco sobre critérios ou soluções – e é a seriedade na tentativa de os identificar que permite não excluir controvérsias e desacordos.

Que critérios e que soluções podem servir realmente as crianças, os jovens e as famílias portuguesas no contexto atual?

Existe a tentação de polarizar o discurso: provas de aferição ou exames; investimento na rede de escolas “públicas” ou apoio aos privados; competências digitais ou ar livre. As visões estão extremadas e os protagonistas têm alguma coisa a defender que, tipicamente, é incompatível com a proposta do vizinho e incapaz de integrar ideias que não estejam impecavelmente resguardadas no seu sistema previamente definido.

É pena. Sobretudo porque os jovens vêem este mundo de adultos individualistas e rígidos com muita desconfiança. Muitos deles sofrem na pele por serem filhos de uma geração frágil e esquecida do que significa ser pessoa, ser pai e mãe, ser professor, ser… Ser. Ser, antes de saber fazer. Ou sequer de ter. Ser.

Quem somos nós, quem são as crianças e os jovens? Tento imaginar um debate entre intelectuais ou políticos, ou mesmo na academia ou no mundo da cultura, em que alguém fizesse estas perguntas. Parecem vãs filosofias ou teorias que fazem perder tempo, mas a verdade é que já perdemos tempo demais a tentar ignorar o que – afinal – é urgente. Discutir o futuro dos jovens, a empregabilidade, o acesso à educação, a inteligência artificial que vem ou não tomar os nossos lugares… Tudo isto pode ser – outra vez – um esforço inglório se não dermos atenção ao que de mais íntimo define as crianças e os jovens do nosso país. Que lugar têm as suas esperanças, as suas aspirações, a sua capacidade de discernir entre o bem e o mal e a liberdade de escolher o bem; as perguntas sobre a vida (e a morte), o testemunho das gerações mais velhas, o cuidado com os mais frágeis e desprotegidos; a solidariedade e a responsabilidade pelo bem comum. Poderíamos pensar que estes temas nada têm a ver com a educação e a escola, mas têm.

As aspirações de Ulisses, os grandes feitos dos navegadores portugueses; a sensibilidade e argúcia de poetas e músicos; físicos, biólogos e matemáticos cuja inteligência e cujo trabalho estão na origem do nosso bem-estar e do progresso de que beneficiamos; séculos de guerras transformadas em paz pela coragem de homens justos e rectos. Tudo na escola e na educação pode favorecer ou dificultar que as crianças e os jovens encontrem o caminho que outros já fizeram e as respostas que já deram às inquietações da sua vida. A cultura é – naturalmente – plural e multiforme e nisso reside a possibilidade de não temermos as diferenças entre nós. Assim haja liberdade para dizermos nós o que já encontrámos, para acolher e apreciar as demandas dos jovens e, de acordo com o que de mais humano habita a vida comum, decidir então: provas de aferição, exames, ar livre, tecnologia…

Se estamos feitos para a grandeza, como e em que medida todas as possibilidades se ajustam e contribuem para um crescimento harmonioso de cada um no encontro com o mundo? Quais delas deixamos cair e quais privilegiamos, e porquê?

Feitos para a grandeza. Feitos com a capacidade de se doar aos outros – isto é, de amar -, única possibilidade de realização própria. Feitos com um insaciável desejo de infinito, que se alarga em encontros sucessivos, com uma abertura de bem, de beleza, de verdade, que anima a pessoa na participação mais criativa e responsável no bem comum.

O Papa Bento XVI não cessou de recordar isto, por toda a sua vida e em todo o seu pontificado. Com ele aprendemos isto e muito mais. É por isto que o recordaremos no dia 17 de janeiro, às 19h30, no Palácio Ulrich, com a vaticanista Aura Miguel, no encontro Feitos para a grandeza: educação e cultura no olhar de Bento XVI, promovido pela APECEF e pela FMU. A entrada é livre.


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