Q&A Centro Português de Fundações
1 – Qual a missão e os principais objetivos da Fundação?
A Fundação Mendes Gonçalves nasce do compromisso da Casa Mendes Gonçalves e do seu fundador, Carlos Mendes Gonçalves de “cuidar do presente e contribuir para a construção de um futuro promissor e para um Mundo mais sustentável e com mais oportunidades para todas as pessoas”.Queremos plantar, na nossa terra – a Golegã – sementes de mudança e possibilidade que se transformem em raízes de novas formas de educar, nutrir e regenerar. A partir da Golegã e com impacto na região ao redor, em Portugal e no Mundo queremos nutrir futuros, regenerar legados, conforme a nossa missão. Pelo futuro de todos. Construiremos este caminho assente em 5 formas de fazer:
- Pela filantropia de proximidade | Pois estamos a retribuir à nossa comunidade. Agimos localmente, colaboramos e inspiramos globalmente;
- Pela cocriação | Pois sabemos que juntos vamos mais longe. Promovemos e contribuímos para alianças estratégicas e empoderamos comunidades;
- Pela evidência e impacto | Pois validamos cientificamente, monitorizamos e avaliamos o nosso impacto, com transparência, responsabilidade ética e integridade;
- Pela literacia e transferência de conhecimento | Pois queremos mudar o Mundo e, por isso, tornamos acessível e multiplicamos o conhecimento;
- Pela advocacia e comunicação | Pois inspiramos outros através da nossa ação.
2 – Quais são as principais áreas de intervenção da fundação e projetos em destaque atualmente?
A atuação da FMG assenta em três pilares fundamentais:
- Educar | Através de uma educação de qualidade, para que todas as crianças tenham oportunidades equitativas de crescer, aprender e floresce;
- Nutrir | Através de uma nutrição saudável e segurança alimentar, para que todas as pessoas possam adotar estilos de vida saudáveis e sintam bem-estar;
- Regenerar | Através da regeneração dos solos e da biodiversidade, para que o planeta e as comunidades tenham um futuro melhor).
Atualmente estamos a trabalhar em vários projetos nas nossas áreas de intervenção das quais destacamos:
- A Escola Mendes Gonçalves, sabemos que o acesso a uma educação de qualidade, principalmente na primeira infância, continua a ser um desafio estrutural. As práticas pedagógicas centradas na criança, caracterizadas pela iniciativa e participação ativa da mesma no processo educativo, são a melhor receita para o sucesso na promoção de uma aprendizagem significativa das crianças. A Escola contará com um berçário, creche, jardim de infância e primária, assim como áreas do Nutrir, com uma cozinha pedagógica e hortas funcionais – parte do currículo e percurso pedagógico das crianças – e que também alimentam a comunidade da Escola. Áreas administrativas, bibliotecas e outros espaços vão além das suas funções iniciais, promovendo oportunidades de aprendizagem. O edifício reflete o compromisso com a resiliência ambiental e social. Um espaço construído em relação profunda com as necessidades do lugar, tais como a água, a ecologia e a floresta sintrópica (numa sobreposição positiva com a agricultura). O projeto, da autoria do ateliê dos arquitetos Tezuka, reflete também o uso de técnicas construtivas que honram o passado da região. Todo o edificado é feito com estrutura em madeira, seguindo as tradicionais asnas portuguesas e reinterpreta as paredes em taipa tradicionais, com tecnologias correntes.
- Associados à Escola nascerão projetos de Centro de Criação de Conhecimento e Investigação dos 0-10 e de Formação de Desenvolvimento Profissional.
- Projeto-piloto hortas regenerativas; um projeto iniciado com 5 autarquias e que pretende, já em 2026, levar conhecimento (através das AEC) às Escolas do Ensino Básico da Região, ensinando às crianças os princípios da agricultura regenerativa e fazendo deles peque nos guardiões do nosso solo e da sua preservação.
- Embaixadores Regenerativos; projeto no qual convocamos 20 jovens universitários da área da agricultura a serem embaixadores dos nossos valores regenerativos para uso do solo;
- Projeto-piloto cuidar em rede (com a Fundação Aga Kahn e Jerónimo Martins) que se propõe a formar amas formais, para colmatar uma das falhas de educação ao nível da região)
- Evento Regenerar, um evento anual sobre regeneração dos solos que pretende trazer à Golegã, as melhores práticas nacionais e internacionais da agricultura regenerativa, afirmando-se como um evento de referência.
- Programa Complementar de Cultura – Programa assente na fruição do Paul do Boquilobo; no levantamento do património imaterial da região e na democratização do acesso a experiências culturais.
- Ambientes que nutrem – criação de evidência sobre espaços de alimentação em ambiente escolar, mas também em ambiente familiar contribuindo, desta forma, para um melhor desenho destes espaços, de modo a que as crianças tenham contacto com práticas alimentares mais saudáveis e conscientes.
3 – Quais são os objetivos da Fundação a curto e longo prazo?
Na Fundação Mendes Gonçalves acreditamos que educar com qualidade muda o mundo, que nutrir é mais do que alimentar e de que regenerar é possível. Os nossos objetivos estão espelhados no nosso Plano Estratégico 2025-2028 e servem como pilares da transformação que queremos promover. Com base na nossa missão, visão e valores pretendemos consolidar a nossa estrutura e implementar de forma integrada os nossos três programas estratégicos: Educar, Nutrir e Regenerar. Assim, apresentamos como principais objetivos:
- Estruturar e consolidar a Fundação Mendes Gonçalves como uma organização de referência em inovação social, baseada na filantropia de proximidade, atuando a partir da Golegã e dos territórios de proximidade.
- Desenvolver e implementar um ecossistema educativo de qualidade, centrado na criança, enraizado no território, baseado na evidência e replicável, com o compromisso de construirmos uma Escola dos 0 aos 10 anos, articulando com famílias, comunidade e instituições de ensino, que funcione como um espaço de aprendizagem, inclusão e inovação pedagógica.
- Promover estilos de vida saudáveis e dignos através da nutrição e da segurança alimentar, como fundações do bem-estar e da equidade, nomeadamente através da literacia alimentar e da criação de sistemas de alimentação mais justos, conscientes e sustentáveis, num processo que envolva famílias, escolas, locais de trabalho e produtores locais.
- Regenerar os solos, os ecossistemas e os vínculos comunitários, através da agricultura regenerativa e da valorização do saber local, transformando a Golegã num laboratório vivo de práticas regenerativas.
- Ampliar o impacto da Fundação através da comunicação estratégica, da transferência de conhecimento e da influência em políticas públicas, dando voz ao cuidado e a escalar a mudança.
- Inspirar para multiplicar: transformar o exemplo em possibilidades. Queremos que a nossa ação inspire outras instituições, territórios e pessoas, através da partilha do que e como fazemos, de forma a potenciar uma transformação mais ampla, sistémica e coletiva.
4 – O que motivou a fundação a associar-se ao Centro Português de Fundações e que expectativas têm em relação a esta parceria?
Acreditamos que a adesão ao Centro Português de Fundações constitui uma mais-valia nos diferentes níveis de atuação da FMG. Com esta adesão teremos um reforço da legitimidade e reconhecimento público do nosso trabalho junto dos demais parceiros; passaremos a integrar uma comunidade de pares, fazendo parte de uma rede de representação e influência; Teremos acesso a eventos de networking e oportunidades de financiamento e, sobretudo, contribuiremos para o reforço do setor filantrópico em Portugal. A adesão ao CPF constitui igualmente uma forma privilegiada de fazermos advocacia de modo que mais fundações se possam associar às áreas que defendemos e aos projetos que pretendemos implementar, criando um verdadeiro caminho conjunto.
5 – Spotlight é uma nova rubrica que gostaríamos de dinamizar no sentido de cada fundação promover uma ou causa ou iniciativa. Qual seria a da Fundação?
A adesão da Fundação Mendes Gonçalves (FMG) ao Pacto das Fundações Portuguesas para a Ação Climática reveste-se de particular importância, sobretudo no contexto da sua recente adesão ao Centro Português de Fundações. Este passo traduz a vontade da FMG de assumir, de forma clara e responsável, um compromisso coletivo em resposta aos desafios climáticos, alinhando a sua missão com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e com as prioridades estratégicas do setor fundacional em Portugal.
Ao integrar este Pacto, a FMG reforça a visão que orienta a sua atuação: cuidar das pessoas, dos territórios e dos ecossistemas, promovendo práticas sustentáveis, ações educativas e iniciativas que contribuam para a regeneração e o bem-estar das comunidades. A participação no Pacto permite também à Fundação contribuir ativamente para a partilha de conhecimento, para a construção de soluções colaborativas e para o fortalecimento de uma ação climática mais coerente, ambiciosa e com impacto duradouro.
Esta adesão afirma a FMG como um agente comprometido com o presente e com o futuro, assumindo que a ação climática é inseparável da justiça social, da educação, da alimentação sustentável e da responsabilidade intergeracional, e que só através do trabalho em rede será possível gerar mudanças estruturais e transformadoras.